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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Hibridos com Canária: Simples, mas belos

Há muitos anos a Hibridologia tem sempre fascinado os criadores com os híbridos autossomicos do género. Iniciei minha criação de híbridos utilizando o pintassilgo indígena com canária, após leitura da I.O., realizando testes específicos e obtendo
óptimos resultados em exposições. Quero com este artigo, passar aos interessados o prazer de se iniciar na criação de híbridos que é, naturalmente simples. Utilizando a canária, a maior parte do problema já está resolvido: a construção do ninho e a disposição de acolher os ovos e criar os filhotes, porque, trata-se de fêmea perfeitamente habituada com o manejo da criação doméstica.
Pintassilgo Europeu (Cardellino) x Canária
Sem dúvida, trata-se do acasalamento mais conhecido, resultando em híbridos de notória beleza onde os criadores demonstram todo seu contentamento com os exemplares criados, pois, além da bela plumagem, particularmente, possuem canto muito
melodioso, apesar da dificuldade da fecundação do casal. Consegui, no início, há mais de 20 anos, uns 30 filhotes com dois
casais fixos em gaiola própria para criação. Constatei o excelente reprodutor que é o Pintassilgo, diante do facto de ajudar no choco e trato dos filhotes com pouca incidência do contrário, ou seja, do macho judiar da prole, devendo, nesta ocorrência a sua separação, ficando só a fêmea encarregada da cria. A alimentação fornecida ao casal é a mesma usada na cria dos canários, sendo que no inverno deve ser usada com alimento mais rico em gordura para manter os filhotes, mais precoces que os do canário, em boas condições para seu pleno desenvolvimento. Os machos híbridos raramente são férteis na primeira cria. A fertilidade começa a dar resultado nos anos seguintes, mas, é necessário administrar mais luz artificial, na falta da natural,
aumentando gradualmente, visando a antecipação da época de cria, juntando, sempre com fêmea já experiente para facilitar
a fecundação; haverá excepções, mas, raramente o inverso é possível, comparativamente com os parentes selvagens.
Em 30 dias os filhotes se tornam independentes, havendo a separação dos pais, evitando que algum macho mais ciumento brigue com eles. É possível um ou outro filhote mais corajoso, manifestado pelo gorjeio típico dos mais jovens.
Os híbridos machos de canária melânica apresentam peito e flanco fortemente estriados, ao contrário das fêmeas, pois, algumas podem mostrar a cabeça ligeiramente mais larga e redonda, não sendo, entretanto, regra.
Utilizando a canária amarelo nevado na tonalidade bem claro e pintado, resulta em filhotes com subtil colarinho claro, visto que a predominância são exemplares melânicos, excepção feita aos de olhos vermelhos e mosaicos que se apresentam pintados e uniformemente claros. Alguns Pintassilgos (especiais) apresentam interrupção do vermelho sobre o manto, a famosa cor parda, podendo resultar híbridos pintados ou claros se acasalados com canária normal (lipocrômica), sendo esta a possibilidade melhor para o acasalamento com fêmeas de olhos rubi.

Para seleccionar o canto, deve-se separar os jovens machos com algum pintassilgo em local afastado da criação, visando que esqueçam o piado da canária, usando como “maestro” macho bem adulto que repita todas as escalas do canto. Esta preferência se deve ao fato do seu canto ser mais tranquilo e regular. Os jovens são, ao contrário, mais fogosos apresentando
canto interrompido e repetitivo. Outro método bem utilizado é a fita gravada, rodada em local bem reservado. Aconselho a utilização do primeiro método.

Se os filhotes forem exemplares com boa qualidade de plumagem, cor clara e desenho simétrico, boa forma, semelhante à canária, podemos pensar tranquilamente em medalhas.

Pintassilgo Baiano (Lucherino) x Canária
Considerando meus conterrâneos, confesso que este pintassilgo sempre esteve presente na minha criação, mesmo quando não treinava, pois, possui agilidade e graça nos movimentos. Foi o meu preferido dentre os indígenas. Dotada de espírito gregário,
mostra-se perfeitamente adaptado ao acasalamento com outra espécie, principalmente com a canária.
Os interessados em obterem alguma mutação para o canário, devem utilizar os híbridos mutantes onde a transmissão do gene responsável é idêntica ao canário, além, de apresentar comportamento harmonioso na convivência com a canária para a construção do ninho, ingressando continuamente na sua borda onde fica gorjeando satisfeito. Se, algum exemplar furar os ovos em postura ou choco, convém colocar uma divisória, deixando a canária sozinha com a responsabilidade de criar a prole.

Há alguns anos obtive autorização para criar esta espécie e procurei um pintassilgo nascido em cativeiro, visando a sua reprodução. Deixei-o conviver durante o inverno com a canária escolhida para que se afeiçoasse com a companheira, conseguindo bom resultado nesta aproximação. O Pintassilgo colabora no choco nos primeiros dias, mandando a canária para o ninho, mantendo vigília directamente. O F1 se assemelha ao pai, pois, possui bico pequeno e pontudo, cauda curta e compacta, sendo gracioso no movimento e vivacidade. Seu fenótipo na cor negro-marrom se inicia no alto da cabeça, zona de eleição
do selvagem, excepto na calota onde se manifesta a tonalidade marrom escuro, quase negro. Nos prateados, obviamente, a mesma zona é cinza por conta do lipocromo ser branco com a cabeça bem escura, um misto de plumagem negra e cinza.
Aconselhado por amigo, em 1998, expus dois exemplares machos prateados no campeonato regional, classificando-os nos dois primeiros lugares. No ano seguinte, repetiu-se o resultado em julgamento magnífico que, aproveito, para parabenizar os criadores da cidade de Salerno, referência justa ao resultado, prevalecendo os de cor escuro sobre os pintados.
Obtive, também, ótimos filhotes cantores bem próximos ao do canário que podem ser férteis para se acasalar com canária.

Pintassilgo do Himalaia (Verdone) x Canária
Como quase todos os indígenas acima citados, este, também, é de fácil criação, sendo mais precoce para o acasalamento com a canária que deve possuir forma grande a maciça, tendo em vista o porte do indígena. Aconselho usar gaiola ampla e dotada
de grade no fundo, com divisão, visando a aproximação do casal a partir do início do inverno. Minha experiência na hibridação com este indígena vem de vários anos. Naturalmente, as canárias devem ser melanicamente verdes de bom tamanho. Iniciei procurando casal nascido em cativeiro, alimentei-os com farinhada comum, adicionando ovos cozidos mais larva de tenébrio, a qual é bem apreciada. O macho cuida da higiene do ninho e logo em seguida começa a alimentação dos filhotes, quando, a qualquer momento, o pacato e tranquilo reprodutor destrói o ninho, jogando fora todo o seu conteúdo. Passados alguns dias, percebi indícios de nova confecção do ninho e, para evitar a malgrada experiência anterior, passei os ovos para uma fêmea
ama-seca que cuidou da prole sozinha, deixando o casal para nova postura, conseguindo, dessa maneira, seis filhotes,
dos quais, dois machos. No ano seguinte, acasalei o macho com um filha e os dois filhotes machos com canária e uma filha com um esplêndido Pintassilgo do Himalaia. Obtive excelentes resultados com estes acasalamentos. Daqueles que utilizei os dois
machos F1, eles se demonstraram companheiros afetuosos, grandes galadores e, após, o choco das fêmeas, acasalavam
no ninho, destruindo todo o seu conteúdo, consequentemente, perdendo os ovos que foram jogados fora. Para evitar tal situação, separava o macho com a divisória, abrindo a ao entardecer, isolando-o, novamente, no início do outro dia, antes da
fêmea botar o ovo. Referido comportamento se revela válido, sobretudo, porque, as fêmeas se incumbem de alimentar a prole e a fazem muito bem.

Do acasalamento da fêmea F1 com outro indígena, não obtive o resultado esperado, porque, ela não aceitou o macho, afastando-o em suas investidas. Os novos híbridos apresentavam o peito e os flancos nitidamente estriados, ao contrário daqueles jovens indígenas, conservando o movimento no estilo dos seus parentes selvagens. O canto destes filhotes machos são muito parecidos com o do canário. Alguns podem até ser férteis na cruza com seus parentes domésticos,
sempre, contudo, acontecendo numa idade mais avançada.

Canário Selvagem (Verzellino) x Canária
Representante digno do gênero Serinus, este pequeno e gracioso Fringilídeo, vive em grande parte da Europa, desde a região mediterrânea até o fim da ilha britânica, presente também na zona setentrional do continente africano. Considerado um serino voraz, num círculo restrito e congénito, da qual faz parte o canário selvagem, divergente do canário doméstico, cujo fenótipo se assemelha a este, com excepção do bico que é pequeno e arredondado, do selvagem e do doméstico mais curto e cónico dotado de senso de território, o verzelino é um bom cantor, mormente na reprodução. Inicia o canto em março, atingindo toda a sua plenitude e beleza num repertório canoro de vida e originalidade, notadamente no sul da Itália.
A origem do verzelino contribui um pouco de sua simplicidade, deixando os aficionados intrigados com este género de serinus. Tem dado certo quando híbrida com a canária doméstica, sendo seu F1, quando macho fértil. Não dá resultado quando se cruza ao contrário: fêmea de verzelino com canário. O percentual da fêmea hibridar é muito pequeno. Sendo que, na maior parte os filhotes deste cruzamento são estéreis. Em ambos os casos a fertilidade é pouco presente. Às vezes férteis e às vezes estéreis, necessitando
de muita preparação, para que se possa ter sorte de conseguir alguns filhotes. Quando começa a cria, o verzelino ajuda a canária a fazer o ninho. O ideal é ter um macho nascido em gaiola, sendo que a canária ideal para cruzar com Híbridos com ele, deve ser a verde ou negro marrom; podendo ser intensas ou mosaicas, pessoalmente, utilizo o branco dominante no intuito de obter um F1 pintado, às vezes com algumas penas brancas, mas os filhotes desse cruzamento apresentam-se muito fogosos. O manejo é sempre igual ao de outras hibridações.

Pintassilgo Pinheirinho (Lucherino de Magellano) x Canária
É um Spinus do continente Americano. O lucherino de cabeça preta é mais ou menos semelhante ao Negrito da Bolívia, sendo mais robusto e mais adaptável ao cativeiro. Presente em grande parte na América do Sul, com numerosa subespécie, diferentes em tipos, sendo alguns mais vistosos, perceptíveis e espertos, mas popularmente por todos chamados de lucherino cabeça preta. Pela barreira genética numerosos são os híbridos ou mestiços não específicos que concorrem para enganar outros criadores.
Acredito que não sou um especialista, mas tenho noção por ter lido vários manuais específicos sobre o assunto. Creio ser um processo de exemplares, que apresentam a espécie (Carduelis magellânica magellânica). Conhecendo este atraente carduelis, através dos escritos de Renzo Esuperanzi, em que uma ocasião procurei-o, para ver se tinha disponível algum exemplar,
nascido em gaiola, disse-me que tinha 3 machos e uma fêmea. Quanto à criação, a mesma já foi amplamente explicada, no número anterior, não havendo nenhum problema para criá-los. Certa ocasião, obtive um Lucherino de Magellano, proveniente da Argentina, em plena estação de cria. A fêmea não estava pronta plenamente. No fim do verão, já em muda completa, um belo dia pela manhã, encontro-a no fundo da gaiola, com os olhos inchados, pois foi mordida por um insecto e não consegui criar com a mesma. Quanto à alimentação é a mesma que se dá aos canários domésticos: farinhada com ovos e verduras variadas. Após 2 semanas os filhotes deixam o ninho. De preferência cruzar fêmeas melânicas, sendo que a fertilidade dos F1 é muito baixa, como a do Lucherino euroasiático.

Pintassilgo Baiano (Verdone Cabeça Preta) x Canária
O verdone é um carduelis (pintassilgo). Há várias espécies na China, Himalaia e Vietnã. O verdone cabeça preta, é de uma beleza oriental, asiática, vive em zona com clima temperado (Nepal, Birmânia, Laos, China e Tibet). Adaptando-se muito bem ao nosso clima. É um frigilídeo exótico, e um dos mais importantes pela sua silhueta, e os mais procurados pelos criadores para hibridar. Reproduzem-se, facilmente, entre eles, ou com canárias. Os filhotes são totalmente férteis, e o período reprodutivo coincide, com a nossa primavera-verão. Seu canto é similar aos outros, porém em tonalidade mais baixa. Li alguns artigos sobre verdone, do Renzo Esuperanzi, na revista Itália Ornitológica. Comprei dele, há alguns anos, dois machos e uma fêmea de verdome cabeça preta. Destinei um dos machos para cruzar com canária e o casal de puras restante conservei juntos. Em Abril, a canária se aprontou e com o macho puro obtive vários filhotes de excelente qualidade e o outro casal não se reproduziu. A fêmea era melânica (verde muito oxidada e com pintas). Obtive um F1 de boa plumagem, sendo premiado em 1º lugar, no Concurso regional. Tanto o verdone normal como o verdome cabeça preta, são férteis em ambos acasalamentos.
A alimentação e o manejo, para adultos e filhotes é a mesma já descrita acima.


Artigo publicado na Itália Ornitológica, Nº 12 – Dez/2002
Texto: Francesco Formisano
Tradução e Adaptação: Amadeo Sigismondi Filho
 

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